Objetivos do Tratamento Cirúgico
Os objetivos principais são: restauração da audição, melhora do zumbido e melhora da qualidade de vida. Se apenas 1 ouvido é afetado, a cirurgia pode ajudar a localizar a direção do som e escutar melhor em ambientes barulhentos. Se ambos os ouvidos são afetados, a cirurgia usualmente é realizada naquele ouvido com a pior audição. O paciente poderá utilizar um aparelho de audição no lado oposto ou realizar a cirurgia 6 meses a 1 ano após ter feito o procedimento no primeiro lado.
Saiba Mais
Como a cirurgia é feita?
A cirurgia é chamada estapedectomia ou estapedotomia e usualmente leva 45 minutos a 1 hora para ser realizada. A cirurgia pode ser feita com anestesia geral ou anestesia local e sedação (para que a audição e sintomas de tontura possam ser monitorados durante a cirurgia).
Esta cirurgia tem o objetivo de substituir um pequeno osso do ouvido que se chama estribo por uma prótese de plástico ou de metal. Na otosclerose, o estribo está fixo e, portanto, não se movimenta levando a onda sonora até a cóclea, não transmitindo bem o som. Por isto, o substituímos por uma prótese que irá fazer sua função. Durante o procedimento cirúrgico, verificamos a fixação do estribo e confirmamos o diagnóstico de otosclerose.
A estapedotomia é realizada com o uso um microscópio através do canal externo do ouvido. Pode-se também fazer um pequeno corte acima do conduto auditivo externo. A parte superior do estribo é removida com instrumentos delicados. Uma pequena abertura é feita na base do estribo (chamada platina do estribo) e então é posicionada nesta abertura uma prótese de plástico ou de metal que é encaixada em sua outra extremidade na bigorna, possibilitando assim a mobilidade da cadeia de ossinhos e a condução do som até a orelha interna.
Nossa equipe prefere o uso da prótese de teflon total por nossa experiência de muitos anos com seu uso, com raras complicações e por permitir que o paciente possa realizar qualquer exame de imagem posteriormente como ressonância magnética, por exemplo. Esta prótese também não é afetada por detectores em aeroportos ou em agências bancárias. A cirurgia com a colocação da prótese é permanente, sendo rara a necessidade de trocar ou revisar a cirurgia. Caso seja necessário, pode ser realizada da mesma forma que a primeira cirurgia.
Qual é a taxa de sucesso da cirurgia? As chances de obter um bom resultado com esta cirurgia quando realizada por cirurgiões experientes é de mais de 95%. É aconselhável que você pergunte ao seu Otorrinolaringologista qual é a taxa de sucesso das estapedotomias realizadas por ele/ela.
Possíveis complicações
Em toda cirurgia existem riscos e complicações que são raras, mas podem acontecer e todos os pacientes devem ter conhecimento. Nesta cirurgia explicaremos o que pode acontecer em alguns casos. Qualquer dúvida pergunte ao seu Otorrinolaringologista que ele lhe explicará com detalhes. Você deve também perguntar sobre as taxas de complicação das cirurgias realizadas por ele.
Os sintomas pós-operatórios mais comuns são tontura e distúrbio de gosto.
- Tontura: pode ocorrer tontura leve nos primeiros dias da cirurgia, podendo permanecer por algumas semanas. Muito raramente a tontura persiste por muito tempo. Se isto acontecer existem medicamentos e exercícios que controlam esta tontura. Raramente é necessária revisão cirúrgica para tratar a tontura.
- Distúrbio de gosto: alguns pacientes sentem gosto ruim na boca (gosto anormal em apenas 1 lado da língua) por alguns dias após a cirurgia que muito raramente pode permanecer mais tempo. Isso se deve à manipulação de um pequeno nervo junto da membrana do tímpano (Nervo corda do tímpano) que é afastado durante o acesso cirúrgico.
- Dor: após a cirurgia pode ocorrer dor de leve intensidade que pode ser bem controlada com analgésicos comuns.
- Perda da audição: em toda cirurgia no ouvido pode haver alguma perda da audição, sendo raro (menos de 1%) os casos de perda auditiva importante ou até surdez. Em alguns casos pode não haver melhora da audição em relação à audição antes da cirurgia.
- Zumbido: (barulho no ouvido) em casos raros ele pode aparecer após a cirurgia. Normalmente melhora muito após a cirurgia, podendo até desaparecer.
- Perfuração no tímpano: é muito difícil que uma perfuração no tímpano aconteça na cirurgia. Quando isto acontece, o tímpano pode cicatrizar sozinho ou a reparação é feita já no mesmo ato cirúrgico.
- Fraqueza na face: outra complicação rara é a fraqueza na face ou paralisia facial. Quando acontece após esta cirurgia normalmente dura poucos dias e pode ser causada pela anestesia local.
O que ocorre após a cirurgia?
É possível receber alta do hospital no mesmo dia ou eventualmente no dia seguinte. Alguma tontura é normal logo após o procedimento. O curativo deverá ser removido pelo cirurgião por volta de 2 dias após a cirurgia. Nos primeiros dias pode haver saída de alguma quantidade de sangue pelo canal do ouvido. Deverá ser realizada proteção do ouvido contra a entrada de água. Durante o banho, o ouvido deve ser protegido com um algodão com algumas gotas de óleo. Não se deve realizar esforço físico intenso ou carregar peso durante 30 dias após a cirurgia. Não se deve assoar o nariz com força ou fazer pressão no ouvido. Viagem de avião deve ser evitada nos 30 dias após a cirurgia, a não ser que seja liberada pelo seu Otorrinolaringologista. A audição é reestabelecida por volta de 2 a 3 meses após a cirurgia. Logo após o procedimento, é normal sentir o ouvido tampado, pois ainda existem curativos dentro do ouvido que serão reabsorvidos e ocorrerá a cicatrização.
O Otorrinolaringologista deverá ser imediatamente informado caso ocorra uma perda repentina da audição, tontura severa ou dor intensa após a alta hospitalar. É recomendado que evite mergulho submarino profundo e praticar paraquedismo. Após a cirurgia de Estapedotomia. O afastamento do trabalho pode ser feito por 7 a 10 dias após a cirurgia.
Conclusões
A estapedectomia ou estapedotomia é uma alternativa de tratamento para uma doença do ouvido que chama otosclerose ou otospongiose. Existem outros tratamentos, como o uso de aparelho de audição ou a simples observação em casos leves. Atualmente, não existe nenhum medicamento com comprovação científica de eficiência para tratar a Otosclerose. Aproximadamente 1,6% dos pacientes com otosclerose desenvolve perda auditiva profunda. Na otosclerose muito avançada, pode não haver resultado satisfatório com o uso de aparelhos de audição ou com a estapedotomia. Nestes casos, o paciente pode ser avaliado quanto à indicação de um implante coclear (mais informações no site http://www.implantecoclear.org.br/)